sexta-feira, 30 de abril de 2010

Entrevista Marta

- Como compatibilizas a tua vida laboral e familiar?
Saio da casa às seis e meia da manhá e chego as oito e meia da noite, podo-a compatibilizar porque non tenho crianças e deixando as cousas da minha casa a meio fazer muitas vezes por falta de tempo…

- Como é a distribuiçom das tarefas domésticas na tua casa?
Quase que nom há distribuiçom, quase todo por nom dizer todo fago-o eu, sacando tempo do meu descanso para poder fazê-lo, a minha parelha as vezes ajuda, mas poucas vezes…

-Nas ultimas décadas som evidentes os avanços produzidos nas conquistas de direitos. Som mais formais que reais?
Eu penso que sim, que nos dizem que temos os mesmos direitos, e nom é certo. Por exemplo, polo simples facto de ser mulher e “poder ficar grávida” em muitíssimos sítios dam o posto de trabalho a um homem ainda que esteja menos capacitado.

- Cada vez som mais as mulheres conscientes da importáncia de umha educaçom igualitária. O sistema educativo nom segue reproduzindo os roles da desigualdade?
Eu penso que tanto o sistema educativo como muitas maes que conheço. Ainda há colégios onde as crianças som separadas por sexos, ao igual que há mulheres que ainda fam diferenças entre os filhos e as filhas, como no horário de saída, na casa som as nenas as que tenhem que recolher a mesa, lavar os pratos… enquanto eles jogam com as “maquinitas”.

- Os dados manifestam que realizando idêntico trabalho umha mulher cobra 25% menos que um homem. Como pensas que se pode modificar esta desigualdade laboral?
O primeiro que temos que fazer as mulheres e exigir nos trabalhos sempre os nossos direitos; no salário, nas férias, etc. A igual posto de trabalho igual contrato, porque o trabalho a desenvolver é o mesmo.

- Como traballadora tés padecido algumha forma de discriminaçom laboral?
No meu trabalho nom, eu som empregada do fogar, e aqui sempre se trata com as mulheres mais que com os homens. Eu em concreto nunca sentim um trato discriminatório.

- No teu sector concreto quais som as principais demandas para melhorar as condiçons de trabalho?
O mais urgente e poder ter um contrato de trabalho, no que se nos reconhecesse que é um trabalho, que temos que realizar para os nossos chefes também podam trabalhar. Deveríamos ter direito ao desemprego, que non temos. E na segurança social cobrar as baixas desde o primeiro dia coma qualquer trabalhadora remunerada, porque agora tés que ter mais de 29 dias de baixa para cobrar, com o qual se o chefe nom quer pagar-te esses 29 dias, nom cobras nada.

- A luita feminista tem logrado que a violência machista vaia perdendo impunidade. Ainda fica muito por andar?
Acho que sim, fam falha umhas leis muito mais duras, para que maltratar, ter amedrentada e mesmo matar a umha mulher nom seja tam barato. Também som necessários mais meios para que quando umha mulher nom deixe passar nem primeira sensaçom de maltrato que perceba. As leis deveriam obrigar a que sejam eles os que se vaiam da casa, nom as mulheres, que em muitos dos casos tenhem que deixar família, amigos e seu fogar para poder escapar, sem que ninguém faga nada para que a situaçom mude.

domingo, 25 de abril de 2010

Contra as agressons AUTOORGANIZAÇOM!

Dous novos casos de violência machista contra mulheres do Condado. Um dos agressores acumula já várias denúncias por ataques a mulheres. Perante os nossos olhos, na nossa vila, na nossa paróquia, as nossas vizinhas, amigas e companheiras de trabalho estám a ser brutalmente agredidas. Mais umha vez, parece que só as feministas estamos dispostas a denunciar e actuar… e assim é, estamos dispostas!

Já chegou de fecharmos os olhos e calar. A diário as mulheres do Condado levamos hóstias, somos perseguidas e violadas, vivemos com medo dos homens, nom temos outra que obedecer os nossos maridos e companheiros se nom quigermos levar umha tunda. Sabemos bem que as quatro linhas que -de má vontade- publicam os jornais som apenas umha ínfima parte do problema. Som poucas as mulheres que se atrevem a denunciar e menos ainda as que decidem fazê-lo publicamente.


Os juízes, os representantes municipais, os polícias e guardas civis nom vam acabar com a violência contra as mulheres. Eles som parte do problema, eles som cúmplices (e por vezes responsáveis directos) da situaçom que padecemos. Som os que nos esquecem nos actos oficiais, som os que nos questionam e desprezam quando denunciamos, som os que ditam sentenças ridículas contra os nossos verdugos, som os que nos negam o apoio económico que necessitamos para sairmos adiante por nós próprias...


É questom de vida ou morte. Nom vamos esperar à notícia dum novo assassinato. As mulheres do Condado temo-lo claro, a única saída que temos é a autoorganizaçom, juntarmo-nos e enfrentar o terrorismo machista lá onde aparecer, denunciar e conscientizar, arroupar as vítimas e fazer-lhes um sítio para que luitem ao nosso lado, encurralar os agressores e dar-lhes o que merecem. Porque unidas somos fortes, muito fortes, unidas nom há medo, unidas podemos defender-nos e devolver os golpes.


Da Assembleia de Mulheres do Condado fazemos um apelo urgente às vizinhas da comarca para se somarem ao combate contra o terrorismo machista. Pom-te já em contacto com a AMC!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Exposiçom



Na casa cultural de Salzeda podede-la visitar durante quinze dias.


Reproduzimos mais umha das entrevistas, desta volta a Eli, mulher autónoma imigrante peruana.



- Qual foi o motivo que te levou a tomar a decisom de vir à Galiza na procura de um futuro melhor?


Vivo na Galiza há quase 8 anos. Desde há 3 com a cidadania espanhola; realmente os motivos por que vim a Espanha fôrom pessoais, nunca estivérom relacionados com melhorar o meu futuro, antes de vir aqui já havia 17 anos que saíra do meu país de origem, Peru.


- Damos por feito que encontraste muitos problemas e travas para sair adiante. Achas que o ser de outro país ou o facto de ser mulher contribuiu à hora da tua integraçom?


A minha experiência como imigrante levou-me a viver experiências algo desagradáveis mas nom polo feito de ser mulher, sinto que isto nom só o vives na Espanha, Galiza ou Ponte Areias; sempre vás estar em desvantagem por chegar de fora, por ter que “demonstrar” que és umha pessoa de bem, sim que podo afirmar que em Ponte Areias vivim situaçons extremas de este tipo; e no seu momento sentim-me questionada, sentim sobre mim a etiqueta de “sudamericana quita-maridos”, pola particular situaçom de muitos lares destruídos nesse momento, algo que sem ser aceitável sim chegava a ser compreensível, mas podo afirmar que muita dessa mesma gente maior que no seu momento me prejulgou, valoriza e reconhece hoje o meu trabalho, polo que me sinto mui orgulhosa da minha condiçom de imigrante.


- Como imigrante ou mulher trabalhadora que demandas farias para melhorar a vossa situaçom?


Acho que em geral nom existem programas de integraçom no governo local e se os há, os mesmos nom fôrom devidamente divulgados. O mais fácil sempre foi julgar e achacar à comunidade imigrante de muitos dos problemas sociais, mas nunca se estabelecêrom nexos para tentar dar soluçom aos mesmos, o ao menos eu nom tenho conhecimento de que existam.


- Que opinas sobre esse invento do sistema que favorece a xenofobia e o machismo que afirma que sodes pessoas que vides de outros países a "sacar" o trabalho?


Esta pergunta vai muito relacionada com a segunda, sou das que pensa que se bem é certo deve existir umha política de fronteiras abertas nom é menos certo que aquela pessoa que opte por emigrar a este país ou a qualquer outro, deve fazê-lo com a convicçom de que se lhe abrirá umha porta e dentro dela deverá esforçar-se para integrar-se, devendo ser sempre ela ou ele quem se adapte às formas de vida do lugar ao que chega e nunca pretender que se adaptem os costumes que trazemos dos nossos países. De existir essa atitude creio que definitivamente essas posiçons xenófobas nom se desenvolveriam, que a convivência seria mais tolerável. Do resto nom estou de acordo em que lhe tiremos o trabalho a ninguém porque dificilmente se nos beneficia em nada, sempre nos vemos duplamente obrigados a demonstrar que estamos preparados para ocupar esses postos que ocupamos.


- Consideras que o facto de que muita gente pense assim deve-se a umha escassez intencionada de informaçom acerca do nosso próprio passado e pressente emigrante?


Nom, nom considero que se deva a isso porque fôrom épocas diferentes. É mais bem umha errónea percepçom de que sempre a gente que vem de fora é gente que escapa de climas de violência ou necessidade e muitas vezes nom é o caso, porque existem todo tipo de imigrantes e cada um/umha com umha realidade diferente, bom, deve-se reconhecer que muitas vezes nom temos feito @s imigrantes as cousas bem para demonstrar que todas as cidadanias tenhem as suas cousas positivas e também negativas.


- Como é a tua visom da sociedade galega?


Reitero é umha sociedade extremadamente conservadora, muito fechada e desconfiada, que tende a abrir-se quando se demonstra que umha tem decidido viver na sua terra com intençom de progredir e integrar-se dentro de limites de respeito.


- A nível de direitos femininos notas mudanças com respeito da sociedade que deixa-che atrás?


Vivim 17 anos em Califórnia, Estados Unidos e obviamente os direitos da mulher nesse país estám mais desenvolvidos, a mulher no espanhola começa a ganhar-se agora um lugar dentro de umha sociedade que sem chegar a ser machista levava mui arraigada a posiçom de que a possibilidade de que umha mulher se desenvolva mais alá do seu papel dentro do lar era limitada, situaçom contraditória tendo em conta a transcendência que tivo essa mulher na guerra civil e a recuperaçom da democracia em Espanha.


-Para rematar conta-nos como se desenvolve o teu dia a dia


Pois o meu dia a dia é como o comum cidadao, meter-lhe horas ao meu negócio próprio – -conect@te ciberlocutorio-, o qual como a maioria dos negócios actualmente vem esquivando as inclemências da debilitada economia do país. E nos momentos livres que som poucos compartilhar com a família, amigos e conhecidos que som de diversas cidadanias mas que na sua maioria atopam-se totalmente integrados nas costumes da populaçom galega.