terça-feira, 3 de junho de 2008

Doze meses, doze luitas

Pola visibilidade das mulheres lésbicas. Pola despatologizaçom da transexualidade.


No mês de Junho, em concreto no dia 28, celebra-se o dia do Orgulho LGBT. Neste dia comemora-se o aniversário dos confrontos do Stonewall Inn na cidade de Nova Iorque, onde há quase 40 anos um grupo de pessoas decidírom encarar a discriminaçom e os abusos policiais. Reivindicamos hoje o espírito de Stonewall para contestarmos todas as agressons e discrimaçom que as pessoas LGBT e nomeadamente as mulheres sofremos polo simples facto de decidirmos viver a nossa sexualidade com liberdade ou transgredir o rígido e artificioso género em que nos encaixotam.
Só no ano 1990 é que a OMS (Organizaçom Mundial da Saúde) retirou da sua lista de doenças mentais a homossexualidade. Foi “ontem” que se pujo fim a mais de um século de homofobia médica, tempo que se tem caracterizado por ser o mais violento e sanguinário com as pessoas LGBT da história da humanidade (campos de concentraçom nazis, gulag soviético, perseguiçons da época McCarthy, etc). Porém, nom devemos esquecer que ainda no século XXI as pessoas LGBT som perseguidas, encarceradas, torturadas e até assassinadas em muitos países.
As mulheres lésbicas do chamado primeiro mundo sofrem, como mulheres, a invisibilidade da própria sexualidade e a ridiculizaçom da sua afectividade. Esta é mostrada na pornografia heterossexista e machista como “jogo inocente”, burlada socialmente polos machos, os quais acham poder solucionar “o problema” com os seus “pénis mágicos”. Umha absoluta ignoráncia do facto de umha mulher nom precisar de um homem nem sucedáneos para desfrutar com total plenitude da sua sexualidade. A realidade afectivo-sexual lésbica é hoje, quando no caso masculino e apesar dos graves clichés criados tem havido avanços, ainda invisível.
Por outra parte as mulheres trans, elas enfrentam o facto de se colocarem no patamar mais baixo da opressom de género. Genuínas e corajosas construtoras do seu próprio corpo, da sua própria identidade, atacam as bases da dura enteléquia do género. Em troca recebem a mais crua marginalizaçom, precarizaçom e violência, empurradas em muitos casos a recorrerem à prostituiçom como única saída laboral, com agravantes se somarmos realidades vitais como serem pessoas migrantes, seropositivas, etc. Nalguns casos chegando a ser assassinadas polo preconceito e o ódio, a transfobia:
Homenageamos aqui a memória das duas mulheres trans mortas em Portugal recentemente: Gisberta em 2007 no Porto, torturada durante vários dias e lançada para um poço, Luna neste ano em Lisboa, espancada até à morte e atirada num contentor de entulho.
Devemos lembrar que a transexualidade ainda é considerada “disforia de género” umha patologia mental segundo a OMS. No Estado espanhol, onde há pouco foi aprovada umha lei de identidade de género, as pessoas trans tenhem que passar por um processo médico ridículo e vexatório que designe se som “homens” ou “mulheres”, considerando-se a psiquiatria mais soberana que a própria pessoa para decidir sobre o próprio corpo.

Da Assembleia de Mulheres do Condado apoiamos as iniciativas desenvolvidas neste mês polos colectivos LGBT da Galiza, fazendo fincapé na necessária visibilidade das mulheres lésbicas.
Queremos fazer chegar ainda, o nosso apoio à luita contra a anacrónica patologizaçom da transexualidade, pola soberania total sobre os nossos corpos.