segunda-feira, 21 de abril de 2008

V Certame Literário Feminista do Condado

1-A Assembleia de Mulheres do Condado (AMC) convoca o V Certame Literário Feminista do Condado, com o objectivo de reivindicar os direitos das mulheres e denunciar a nossa marginalizaçom e exploraçom.

2-A temática será livre sempre que esteja relacionada directa ou indirectamente com a situaçom de opressom, dominaçom e exploraçom que padecem as mulheres no actual sistema patriarcal.

3-Poderám participar todas as mulheres que o desejarem sem limites de idade.

4-Os trabalhos serám apresentados exclusivamente em língua galega.

5-O certame está aberto a qualquer género literário (romance, poesia, teatro, ensaio).

6-O júri é constituído por três mulheres representativas da comarca.

7-O prémio estará dotado com 300 euros, podendo o júri declará-lo deserto ou dividir a quantidade citada em accesits na sua totalidade ou em parte.

8-O prazo de apresentaçom de trabalhos finaliza no domingo dia 31 de Agosto de 2008.

9-Os trabalhos serám apresentados por triplicado num envelope em que se fará constar na parte exterior o título e um pseudónimo da autora e, em envelope diferente, identificado com o título do trabalho e o seu pseudónimo, serám entregues os dados pessoais da autora: nome e apelidos, Bilhete de Identidade (BI), endereço, telefone de contacto.
Os envelopes serám enviados por correio certificado ao Local Social Baiuca Vermelha Rua Redondela nº11 rés-do-chao C.P. 36860 de Ponte Areas, a nome da AMC.

10-O trabalho ou trabalhos premiados ficarám em propriedade da Assembleia de Mulheres do Condado. Embora a autora ou autoras manterám os seus direitos sobre segundas ou posteriores ediçons de ser publicado o trabalho premiado.

11-Os trabalhos nom premiados ficarám a disposiçom das autoras durante um prazo de dous meses umha vez atribuído o prémio. Após finalizar este período de tempo, serám destruídos.

12-A interpretaçom das presentes bases som atribuiçom do júri.

13-A decisom do júri é inapelável.

14-A participaçom no prémio supóm a aceitaçom das suas bases.




Assembleia de Mulheres do Condado
Ponte Areas a 21 de Abril de 2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

AS MULHERES ESCRITORAS NA HISTÓRIA DA LITERATURA GALEGA: OCULTAÇOM E SILENCIAMENTO

Com motivo do V Certame literário feminista do Condado publicamos um trabalho na sua totalidade, feito por Belem Grandal, membro da AMC. Este texto foi realiçado para o doze meses,doze luitas deste mês.



As mulheres escritoras na história da Galiza e da nossa literatura sofrêrom grandes atrancos para o desenvolvimento do seu labor já que, o que primava naquele momento era um sistema patriarcal com umha injusta desigualdade de género, onde a mulher era considerada como um simples complemento sob a tutela do homem. Marginalizada e afastada durante anos, e mesmo séculos, de história do mundo da cultura e do acesso à educaçom, esta situaçom impediu a sua dedicaçom ao mundo literário, nom por falta de dotes criativas, nem sensibilidade cultural, mas porque a sua capacidade para escrever polas razons aduzidas estava minguada.

Nom será pois até o século XIX quando a autora de Cantares gallegos (1863) Rosalia de Castro, considerada por algumhas escritoras como a “mae da literatura actual” e grande poeta, experimentou ela mesma a negaçom e o silenciamento a que a sociedade submetia as mulheres nessas datas. Ela mesma foi consciente do silenciamento quando lhe foi negada a capacidade intelectual pola autoria das suas obras.
Foi portanto negada e ocultada, por ser mulher e escritora, por escrever em galego, língua que nesses momentos era considerada própria da incultura, por ser firme impulsora e defensora da identidade galega, e ademais por criticar o trato dado à emigraçom galega nas terras de Castela. A partir de Rosalia começa a história da mulher na literatura galega, mas com grandes eivas que continuam a impedir o acesso integral das mulheres à escrita.

Outras companheiras literatas e contemporáneas de Rosalia fôrom Emília Pardo Baçám e Conceiçom Areal que apesar de pertencer às camadas acomodadas da sociedade dessa época, com maiores possibilidades de acesso à cultura, recebêrom críticas de muitos dos seus companheiros masculinos por saírem dos canais habituais estabelecidos para as mulheres e ocupar espaços que até entom eram património exclusivo dos homens. Nas obras de estas escritoras foi reflectida a temática feminista, defensora da emancipaçom das mulheres, reclamando o seu protagonismo em todos os campos da vida social. Fôrom também vetadas em algumhas instituiçons polo facto de pertencerem ao sexo feminino.

Tinha grande influência nesta época também a rígida moral católica que dominava a sociedade mesmo até primeiros do século XX. Desta maneira Filomena Dato Murais escreve um poema Defensa de las mujeres de tom feminista mas incluído na tradiçom católica, e Francisca Herrera Garrido autora de um ensaio A muller galega também de umha perspectiva tradicional católica e conservadora.
Com o advenimento do regime republicano entre 1931-36 é permitido o acesso da mulher à cultura e aumenta o número de escritoras. Umha delas é Mª Luz Morais Godoi com umha brilhante trajectória literária, que recriminava à mulher culta de Galiza o abandono da sua língua, pronunciando-se sobre a necessidade de ensinar o galego, e que posteriormente sofreu repressom polo seu apoio às conquistas sociais da etapa republicana.
Também Mª Barbeito Cervinho seguindo a filosofia propugnada pola Institución Libre de Enseñanza defendia a co-educaçom e a Escola única, foi umha feminista com umha importante trajectória profissional, publicando textos que abordavam a questom feminista, e assistindo a actos com este carácter, sendo “depurada” no ano 1936 com a imposiçom da ditadura franquista. Assim mesmo Pura Lourençá com os seus trabalhos de investigaçom no campo histórico interessou-se polos problemas da sociedade galega fazendo um elogio da Galiza na Asociación Femenina de Santiago em 1931. A Guerra Civil encaixota os inícios deste desenvolvimento de autoras. As que virám a partir de entom enquadram-se no chamado “tradicionalismo católico” característico do franquismo.

Será Áurea Lourenço com “Queixas” (1943) quem inaugura a produçom em galego das mulheres escritoras na pós-guerra, ainda que marcado por um profundo sentimento religioso.

Mª Marinho e Pura Vasques nesta época de pós-guerra sofrêrom o isolamento e a marginalizaçom que caracterizou nom só o seu labor narrativo, mas a sua vida como mulheres à sombra do homem, padecendo os trágicos efeitos da invisibilidade e da negaçom pola época que lhes tocou viver. Como sucedera com Rosalia de Castro chegárom a suscitar dúvidas sobre a autoria dos seus textos literários.
A trajectória vital e social da primeira destas autoras vem marcada pola sua procedência humilde daí a sua marginalidade. Som autoras influídas pola religiosidade da época que dotam as suas obras de nostalgia e intimismo.
Joana Torres reivindicará um espaço para as mulheres e para a sua voz e todo isto na procura de umha identidade galega.
Será a partir de 1975-80 quando renasce o movimento feminista com o objectivo de derrubar o poder de género masculino. Na primeira metade da década de 80 um grupo de escritoras fundam a revista Festa da palabra silenciada que pretendia dar visibilidade às mulheres galegas e ao seu trabalho nos eidos artísticos e de criaçom, e que até entom permaneciam silenciadas nos meios de comunicaçom e nas publicaçons literárias e culturais do País, assim como também difundir o pensamento feminista.

A presença de escritoras a partir dos anos 80 até hoje cresce embora nom o suficiente para atingir umha paridade com o homem, apesar dos avanços relativos na igualdade dos sexos e no acesso à cultura e à educaçom. Assim podemos mencionar algumhas escritoras contemporáneas como Marica Campo, Chus Pato, Ana Romani, Mª José Queiçám, Luísa Vilalta, Iolanda Castanho.

Muitas destas autoras vinhérom enriquecer o mundo literário pois surge um novo tratamento dos temas com umha singular visom feminina da realidade social, e temáticas novas desde a sua perspectiva de mulher, como o parto, gravidez, aborto...

Mas nom toda a literatura feminina se define por umha ideologia feminista na qual o objectivo que se procura é a libertaçom da mulher da invisibilidade e marginalizaçom social e económica que ainda padece na actualidade.

O feminismo tem conseguido alguns avanços enquanto a igualdade de sexos e sobre todo como já mencionámos no aceso à cultura e à educaçom, mas ainda resta muito por fazer, pois a mulher deve manter umhas jornadas laborais intermináveis onde ao trabalho fora da casa há que somar o trabalho doméstico e de cuidado e responsabilidade das filhas e filhos, trabalho que nom é compartilhado em pé de igualdade com o homem, o que lhe impede contar com o tempo necessário para entrar de cheio e com êxito no mundo da literatura.

Som primordiais umha série de mudanças para:
-Atingir a participaçom das mulheres em todos os campos da vida social e cultural.
-Fomentar a participaçom literária da mulher. Para isto é imprescindível valorizar o trabalho doméstico de maneira que podam dispor dos meios, recursos e tempo necessários para desenvolver a actividade literária.
-Promover a igualdade de oportunidades desenhando actividades dirigidas a este fim.
-Erradicar a publicidade sexista e discriminatória.
-Educar as filhas e filhos na igualdade.
-Dar cabimento através de canais de expressom adequados à sua originalidade criativa.

E claramente, quanto ao sistema patriarcal, independentemente dos relativos e muitas vezes formais avanços que já mencionamos, permaneça inalterável, continuará fazendo invisível e ocultando o valor real do trabalho doméstico, sustento da pirámide no actual modo de produçom capitalista que, junto com a funçom de paridora de filhas/os na reproduçom de classe trabalhadora, som alguns dos elementos essenciais e sustentadores deste sistema económico, sem os quais tremeriam os seus alicerces e impediria a concentraçom da riqueza numhas poucas maos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Doze meses, doze luitas

AS MULHERES ESCRITORAS NA HISTÓRIA DA LITERATURA GALEGA: OCULTAÇOM E SILENCIAMENTO

As mulheres escritoras na história da Galiza e da nossa literatura sofrêrom grandes atrancos para o desenvolvimento do seu labor já que, o que primava naqueles momentos era um sistema patriarcal com umha injusta desigualdade de género, onde a mulher era considerada como um simples complemento sob a tutela do homem. Marginalizada e afastada durante anos e séculos de história, do mundo da cultura e do acesso à educaçom, esta situaçom impediu a sua dedicaçom ao mundo literário.

Será no século XIX quando um restringido grupo de escritoras pertencentes às camadas acomodadas da sociedade da época e com maiores possibilidades de acesso à cultura, como pioneiras do ideário feminista, ocupárom espaços que até entom eram património exclusivo dos homens, sendo por isto criticadas, rejeitadas e, mesmo vetadas em algumhas instituiçons polo facto de pertencerem ao sexo feminino. A rígida moral católica dominará a sociedade até princípios do S. XX.

Com o advento do regime republicano entre 1931-36 permite-se o acesso das mulheres à cultura e a educaçom polo que aumenta o número de escritoras que desenvolvem com força o ideário feminista. Muitas destas mulheres sofrêrom repressom polo seu apoio às conquistas sociais da época Republicana.
A Guerra civil e imediata pós-guerra encaixota os inícios deste desenvolvimento de autoras. As que virám a partir de entom enquadram-se no chamado “tradicionalismo católico” característico do franquismo. A invisibilidade, ocultaçom e marginalidade som moedas de cámbio para a mulher até os anos 1975-80, quando renasce o movimento feminista que pretende dar visibilidade às mulheres galegas na criaçom literária e artística, derrubar o poder de género masculino e espalhar o ideário feminista.

O número de escritoras aumenta a partir dos anos 80 até hoje, mas ainda nom é o suficiente para atingir umha paridade com o homem, apesar dos avanços relativos na igualdade de sexos e no aceso à cultura e a educaçom. A mulher ainda deve manter umhas jornadas laborais intermináveis onde ao trabalho fora da casa há que somar o trabalho doméstico e de responsabilidade das filhas e filhos, que ainda hoje nom é compartilhado em pé de igualdade com o homem, o que lhe impede contar com o tempo necessário para entrar de cheio e com êxito no mundo da literatura.

Mas nom toda a literatura feminina se define por umha ideologia feminista na qual o objectivo que se procura é a libertaçom da mulher da ocultaçom e marginalidade de género, social e económica que ainda padece na actualidade.
Ponte Areias Abril 2008