segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

NESTE NATAL: NEM BRINQUEDOS BÉLICOS, NEM SEXISTAS

Todos os anos por estas datas, a medida que se aproxima o Natal, agudiza-se o hiperconsumismo de brinquedos para crianças.

Como consequência da pressom televisiva da publicidade infantil, a AMC quer chamar a atençom das maes, pais, educadoras/es para que nom colaborem na promoçom do sexismo e belicismo inerente à boa parte da publicidade dos brinquedos e a transmissom dos róis machistas e militaristas nas crianças.

O jogo e os brinquedos para as crianças som um dos melhores mecanismos de experimentaçom, criaçom e autoexploraçom para o desenvolvimento das habilidades motoras, o fomento da imaginaçom e o conhecimento do mundo real a través da representaçom dos róis e personagens.

Porém, estes brinquedos (entre eles o videojogo) habitualmente som utilizados para reproduzir mensagens discriminatórias, como um instrumento ideológigo do que se serve o sistema patriarcal para perpetuar-se e continuar a beneficiar-se da submissom da mulher no eterno papel de “dona da casa”, desde os primeiros anos de vida, mas também para fomentar a violência e o militarismo.

Enquanto a nena aprende os “afazeres domésticos”, os nenos experimentam com a aventura, o risco e a “emoçom” por meio dos jogos que o mercado fabrica para ser umha das bases da formaçom do rol que como homem terá a obrigaçom de desempenhar na sociedade.

Por baixo do reparto, em forma de jogo lúdico, dos ofícios (para o homem) e as “obrigas” de mae e esposa, nasce a grande contradiçom de umha sociedade que se considera no seu conjunto como democrata e “progre”: enchemos o quarto do neno com caixas de ferramentas, camions, materiais bélicos, enquanto a nena tem por cima da cama e sentadinhas no chao bonecas e bebés com os seus complementos para o seu cuidado, cozinhas e comidinhas.
Porém, no futuro exigiremos que essa nena, sendo já umha mulher, poida optar aos mesmos postos de trabalho e nas mesmas condiçons salariais que os homens e que eles sintam também suas as obrigas do lar e o cuidado das crianças.
Por que entom, privamos as crianças do conhecimento e da representaçom dessas realidades com umha distribuiçom sexista dos brinquedos?

Da AMC convidamos-vos a reflectirdes sobre a importáncia da co-educaçom e da eliminaçom dos valores e preconceito machistas que imperam na sociedade. Na denúncia de um dos melhores instrumentos da alienaçom e opressom da mulher: a publicidade, que utiliza todas as armas ao seu alcance para obter os máximos benefícios no mercado, esquecendo-se do nosso direito básico e fundamental: a igualdade.


Condado, Dezembro de 2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

IV Vítima mortal


A Assembleia de Mulheres do Condado (AMC) convocou para a quinta feira 4 de Dezembro às 20:30 h diante dos julgados de Ponte Areias umha concentraçom em repulsa pola última mulher assassinada na Galiza a maos do seu ex-companheiro.
O poder judicial tem enormes responsabilidades na situaçom das mulheres pois a imensa maioria dos maltratadores safam-se da cadeia com as suaves condenas que aplicam os juízes.
Na maioria das ocasions escandalosos atenuantes provocam que muitas vezes, após ridículas sentenças condenatórias inferiores a dous anos, os agressores voltem a atacar as suas vítimas, ou como neste caso que o assassino estava cumplindo condena e tinha um localizador GPS que saltou e ninguem atendeu e com esse "erro" sumam quatro as mulheres assassinadas polo terrorismo machista na galiza, duas em um mês.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

25N: julgados de Ponte Areias, Porrinho e Salvaterra pintados de lilás

Coincidindo com o 25 de Novembro, Dia internacional contra o violência machista, os julgados de Ponte Areias, Porrinho e Salvaterra de Minho amanheçérom pintados de lilás, a cor mais representativa do movimento e a luita feminista.

O poder judicial tem enormes responsabilidades na situaçom que padecemos as mulheres pois a imensa maioria dos maltratadores safam-se da cadeia com as suaves condenas que aplicam os juízes. Na maioria das ocasions escandalosos atenuantes provocam que muitas vezes, após ridículas sentenças condenatórias inferiores a dous anos, os agressores voltem a atacar as suas vítimas.


A AMC considera que o lilás reivindicativo empregado nestas três localidades do Condado e a Lourinha contra o colaboracionismo do poder judicial espanhol com as agressons e o terrorismo machista é umha magnífica forma de denunciar o que todo o mundo conhece.

sábado, 22 de novembro de 2008

Doze meses, doze luitas

25 de Novembro: Dia contra a violência machista

Stop às agressons contra as mulheres

Sabedes que passa todos os dias?
Pois a resposta é que todos os dias centos de mulheres na Galiza sôfrem diversas formas de violência física e psicológica a maos da suas parelhas, ex-parelhas, familiares, companheiros, ex-companeiros, etc.
Esta é umha cifra realmente ex-calofriante.

Que fam as autoridades para evitá-las?
Pois a resposta é nada.

A imensa maioria dos maltratadores safam-se da cadeia, pois os juízes aplicam suaves condenas e, na maioria das ocasions, escandalosos atenuantes que provocam que muitas vezes, após rídiculas sentenças condenatórias inferiores a dous anos, estes agressores voltem a atacar as suas vítimas.

A imensa maioria dos concelhos, instituiçons autonómicas, e sobre todo o Estado espanhol, carecem das partidas orçamentais necessárias para combater a violência machista, porém anualmente contribui com milionárias quantidades para financiar a igreja católica e ano após ano incrementa os gastos militares.

Os líderes políticos, tam “preocupados pola violência” nunca aparecem nos enterros das vítimas de maus tratos. O terrorismo machista para eles carece de importáncia,tam só se emprega na sua lógica eleitoral.

Da Assembleia de Mulheres do Condado sabemos que para poder modificar esta injusta situaçom cumpre que as mulheres nos organizemos e luitemos polos nossos direitos. Sem a luita organizada nom é possível mudar a grave situaçom que padecemos.

Neste 25 de Novembro voltamos a reclamar como medidas urgentes:

-Que se fagam públicas as denúncias de maos tratos,que nom haja que esperar que sejamos assassinadas para sair na TV e nos jornais.
-Leis que regulem o tratamento da mulher nos meios de comunicaçom.
-Incremento das casas de acolhida.
-Serviços jurídicos e de assessoramento gratuítos formados por mulheres.
-Um ensino co-educativo.
-Impartilhar matéria de autoestima desde o ensino primário.

As feministas do Condado nom esquecemos a Carme Fernandes Martins e Aellyka da Costa, primeiras vítimas do terrorismo machista este ano na Galiza, nem a Fabiola Mariana da Silva assassinada há uns dias.

Para que nom se repita AMC seguirá a defender e reivindicar os interesses das mulheres e luitar contra a exploraçom ,dominaçom e opressom que padecemos polo patriarcado e o capitalismo.


STOP ÀS AGRESSONS CONTRA AS MULHERES!!
PAREMOS O TERRORISMO MACHISTA!!




Condado Novembro de 2008

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Falhado V Certame Literário Feminista do Condado

Reunido o júri, composto por Mª Xesus Suarez Nuñez (Professora de secundária num liceo de Ponte Areias), Ana Mariño Alvarez (Professora de primária em Oliveira) e Ilduara Medranho Gonçales (em representaçom da Assembleia de Mulheres do Condado ), após avaliar os diferentes trabalhos presentados no V Certame Literário Feminista do Condado, acordam dividir o prémio em dous accesits de 150 € respectivamente.

O trabalho intitulado “Desastre ecolóxico dos adentros” de Laura Peña Moscoso e “Desejar é subjuntivo. Arrastrar a história” de Maca Rocamonde Igrejas, ambas de Compostela, resultárom ganhadores.

A entrega dos prémios terá lugar no Local Social Baiuca Vermelha de Ponte Areias sábado 25 de Outubro às 19 h.

De AMC nom só queremos parabenizar as duas ganhadoras, também agradecer o esforço realizado polo resto dos trabalhos apresentados.

A confiança depositada no único Certame Literário Feminista existente a dia de hoje na Galiza, autogerido por umha organizaçom de mulheres, som os melhores aços para continuarmos com a iniciativa e começarmos a preparar a ediçom de 2009.


Assembleia de Mulheres do Condado


Em Ponte Areias, 13 de Outubro de 08

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Doze meses, doze luitas

Som causas culturais e históricas as que impedírom o acesso à educaçom e à cultura da mulher na nossa sociedade ao longo do tempo, mas também umha estratégia masculina premeditada para que esta continuasse a ocupar-se com absoluta dedicaçom ao ámbito doméstico e familiar, questionando a sua capacidade racional e intelectual.

Mesmo ainda no S.XIX as mulheres que sabem ler e escrever na Galiza nom ultrapassam 4% da populaçom, pertencentes estas as camadas abastadas e com umha educaçom que nom guardará relaçom algumha com aquisiçom de conhecimentos. A apariçom das "novas teorias pedagógicas" consegue a incorporaçom das mulheres ao ensino superior, como a única opçom de Magistério, nom sem grandes obstáculos na consecuçom do seu título universitário, cumprindo o único objectivo de transmissora dos valores e virtudes morais do catolicismo no seio da família.



Assim há continuar até bem entrado o S.XX, em que nom se discutirá já o direito das mulheres no seu acesso à educaçom, mas sempre com a teima do papel complementar e sob a tutela do homem. Os tímidos avanços da República serám atalhados pola ditadura, impondo esta umha escola separada por géneros e directamente ligada ao tradicionalismo católico.



A partir dos anos 70, inicia-se a maior presença das mulheres em todos os níveis do sistema educativo, mesmo no ensino universitário. Na actualidade, o Sistema Universitário Galego é formado na sua maioria por mulheres, e nom deixa de medrar o seu número nos últimos anos, embora seja escassa a sua presença nos estudos científico-técnicos, em áreas como as engenharias, já que os preconceitos nom fôrom ainda arrancados por completo.



Urgem umha serie de medidas sobretodo políticas e orientadas a distintos ámbitos e a todos os níveis do sistema educativo:



- Recursos ajeitados, assegurando umha educaçom pública, gratuita e de qualidade para tod@s em todos os níveis do sistema educativo.



- Integraçom plena em igualdade de condiçons que o homem incluindo umha direita correlaçom entre formaçom e mundo laboral.



- Medidas para luitar contra qualquer tipo de discriminaçom que evite maiores esforços e sacrifícios das mulheres na sua formaçom intelectual.



- Reivindicar a sua capacidade e dotaçom intelectual em paridade com o homem, em todos os campos de estudo, saber e investigaçom.



- Valorizaçom da formaçom adquirida e do seu trabalho no mundo da investigaçom e laboral.

A dignidade da sociedade galega é questionável enquanto nom tome consciência da impossibilidade do seu avanço equilibrado, sem ter em conta o desenvolvimento do grande potencial da mulher, reclamando a igualdade de direitos e oportunidades no campo educativo, com o objectivo de acabar com as injustiças, discriminaçom e opressom a que vem sendo submetida como elemento essencial no funcionamento de umha sociedade com um marcado carácter patriarcal.

sábado, 23 de agosto de 2008

Paremos o terrorismo machista!

Mais umha vez temos que lamentar o assassinato de umha mulher vítima do terrorismo machista a jovem Aelica Dacosta, de 25 anos é a primeira vítima mortal da Galiza no ano 2008 foi assassinada em Vigo polo seu ex-companeiro a segunda feira 18 de Agosto.

Por esse motivo a Assembleia de Mulheres do Condado o sábado 23 de agosto, aproveitando que em Ponte Areias há feira, saímos a rua para denuncialo.

sábado, 16 de agosto de 2008

V Certame Literário Feminista do Condado

A poucas semanas para que finalice o praço de apresentaçom de trabalhos recordamos as bases:


V CERTAME LITERÁRIO FEMINISTA DO CONDADO


A Assembleia de Mulheres do Condado (AMC) convoca o V Certame Literário Feminista do Condado, com o objectivo de reivindicar os direitos das mulheres e denunciar a nossa marginalizaçom e exploraçom.

Bases:

1- A temática será livre sempre que esteja relacionada directa ou indirectamente com a situaçom de opressom, dominaçom e exploraçom que padecem as mulheres no actual sistema patriarcal.

2- Poderám participar todas as mulheres que o desejarem sem limites de idade.

3- Os trabalhos serám apresentados exclusivamente em língua galega.

4- O certame está aberto a qualquer género literário (romance, poesia, teatro, ensaio).

5- O júri é constituído por três mulheres representativas da comarca.

6- O prémio estará dotado com 300 euros, podendo o júri declará-lo deserto ou dividir a quantidade citada em accesits na sua totalidade ou em parte.

7- O prazo de apresentaçom de trabalhos finaliza no domingo dia 31 de Agosto de 2008.

8- Os trabalhos serám apresentados por triplicado num envelope em que se fará constar na parte exterior o título e um pseudónimo da autora e, em envelope diferente, identificado com o título do trabalho e o seu pseudónimo, serám entregues os dados pessoais da autora: nome e apelidos, Bilhete de Identidade (BI), endereço, telefone de contacto.
Os envelopes serám enviados por correio certificado ao Local Social Baiuca Vermelha Rua Redondela nº11 rés-do-chao C.P. 36860 de Ponte Areas, a nome da AMC.

9- O trabalho ou trabalhos premiados ficarám em propriedade da Assembleia de Mulheres do Condado. Embora a autora ou autoras manterám os seus direitos sobre segundas ou posteriores ediçons de ser publicado o trabalho premiado.

10- Os trabalhos nom premiados ficarám a disposiçom das autoras durante um prazo de dous meses umha vez atribuído o prémio. Após finalizar este período de tempo, serám destruídos.

11- A interpretaçom das presentes bases som atribuiçom do júri.

12- A decisom do júri é inapelável.

13- A participaçom no prémio supóm a aceitaçom das suas bases.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Doze meses, 12 luitas

MULHER, GALIZA E HISTÓRIA

As mulheres ao longo dos diferentes processos históricos fôrom vetadas, dobregadas e anuladas, embora jogarem um papel indispensável na evoluçom e desenvolvimento das sociedades até os nossos dias. Assim, já na Idade Média e períodos posteriores as funçons das mulheres circunscriviam-se somente à esfera do privado. Nom tinham cabimento na elite política do mundo em que viviam, mas na esfera sócio-laboral, especialmente no contorno rural, a mulher cumprirá similares obrigaçons que os homens nos contratos forais complementando a sua labor com o trabalho doméstico.

Na primeira metade do século XIX, com o alvorejar dos valores burgueses das camadas médias da populaçom segue-se a pôr ênfase em outorgar ao homem a representaçom ante a sociedade. Mesmo nas primeiras décadas do século XX a mulher será considerada como sujeito político diferente por carecer da racionalidade necessária.

Ainda assim a mulher na Galiza nestes anos será protagonista de primeira mao, reivindicando o direito o voto, participando nas luitas antiforais e anticaciquis, mas o seu afastamento no terreno político é umha realidade imposta.

Com a aprovaçom do direito o voto da mulher 1 de Outubro de 1931, a funçom da mulher nas organizaçons “nacionalistas” galegas daquel entom, concentra-se exclusivamente em funçons de apoio, ficando a margem as reivindicaçons femininas.

O apoio da hierarquia eclesiástica no regime franquista dispom à mulher como depositária dos valores eternos da família e da pátria. Após a ditadura e a partir do ano 1977 umha série de mobilizaçons torna visível o protagonismo da mulher em diferentes sectores produtivos.

Abre-se entom o caminho da sua participaçom, nom sem grandes atrancos, através de coordenadoras, assembleias, associaçons, sindicatos, partidos políticos... feministas e nacionalistas em alguns casos, que realizarám críticas ao sistema patriarcal e reclamarám a igualdade de direitos solicitando umha interpretaçom da história em nengum modo androcêntrica.

Na actualidade a plena integraçom da mulher no seio do movimento de libertaçom nacional da Galiza dependerá da autoconsciência e do conhecimento de que, todos os problemas e conflitos sociais, económicos, culturais, políticos... que afectam ao nosso País tenhem sempre repercusons directas ou indirectas sobre as mulheres. É essencial a revalorizaçom da mulher trabalhadora e por extensom da mulher feminista e comprometida com a Galiza reclamando unha verdadeira igualdade e paridade com o homem, mas isso nom será possível enquanto o modo de produçom capitalista no nosso país, e o patriarcado inerente a este, nom sejam derrubados, para construir umha sociedade livre e sem opressom.

sábado, 12 de julho de 2008

Doze meses, doze luitas

Para sermos felizes temos que estar guapas?

Com a chegada da época estival os interesses empresariais incrementam a pressom mediática e publicitária sobre os cánones oficiais de beleza imperantes.
O conjunto da populaçom, basicamente as mulheres, especialmente as mais jovens, sofrem, sofremos um bombardeamento constante sobre a importáncia de estarmos “guapas” para podermos agradar e assim triunfar nas relaçons sociais, laborais e amorosas.

Ter um “corpo dez”, ou seja aquel que se ajusta às proporçons predeterminadas polas empresas de roupa, dos produtos estéticos, converte-se numha necessidade, numha obsessom para muitas mulheres.
Mas a impossibilidade real que a imensa maioria das mulheres temos à hora de ajustar-nos a este protótipo de beleza imposto polo mercado gera enormes frustraçons, depressons e mesmo doenças tam graves como a anorexia.
As mulheres somos convertidas numha simples mercadoria que se compra, vende ou intercámbia em funçom do envase. O chasis é mais importante que o motor. O fundamental é agradarmos aos homens, o essencial é a apariência que transmitimos. Nom a nossa saúde física e mental.
As mulheres nom podemos, as mulheres nom devemos legitimar umhas tendências sociais que primam a apariência, o mero aspecto virtual, sobre os permanentes valores que determinam e caracterizam as pessoas no sentido genuino e integral. Nom pode ser mas importante o aspecto físico que sermos boa gente, que sermos pessoas honradas, solidárias, leais. Nom pode ser mais importante ter um corpo “perfeito” que sermos cultas e inteligentes.

Que importa ter uns quilos a mais? Que problema existe para poder sermos realmente felizes, para poder atingirmos a nossa plena realizaçom como seres humanos, nom poder termos, nem aproximar-nos ao aspecto físico da actriz ou da apresentadora de televisom de moda?, quando sabemos que boa parte da sua apariência é simplesmente fruto de um sacrifício cheio de insatisfacçons, de um disciplinado submetimento a umhas rígidas normas profissionais orientadas a cultivar o corpo, mas também dos milagres da cirugia.

Nom nos deixemos convencer polas patranhas do machismo e do patriarcado que só nos considera simples mercadoria, um objecto mais!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

V Aniversário


De AMC queremos agradecer-lhe a todas as mulheres que participarom no V aniversário e recordar que ainda está aberto o praço para apresentar trabalhos para o V Certame Literário feminista do Condado.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

III Jornadas Feministas do Condado

5 anos de autoorganizaçom feminista no Condado.

Este é o progama de actividades polo V aniversário:

Exposiçom de pintura feminina. Todo o mês de Junho.

Quinta feira 12 de Junho:

Contaremos com a presença de Laura Bugalho Sanches, sindicalista e activista de TransGaliza (Associaçom de pessoas trans da Galiza) e projectaremos um vídeo cujo título é Asuntos Internos de Xoán Anleo e Uqui Permui, trata de diferentes ópticas feministas na vivência pessoal de várias mulheres galegas.

A sexta feira 13 de Junho:

Desta volta virá Berta Lopes Permui, sindicalista e activista do movimento juvenil galego a falarnos da mulher e libertaçom sexual.

E por último o sábado 14 de Junho acto lúdico-festivo, jornada feminina com ceia de mulheres e actuaçom de pandereteiras.

Todos os actos terám lugar no Local Social Baiuca Vermelha a partir das 21 h.

Contamos com todas vós para participar deste aniversário de luita feminista no Condado.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

V anos de autoorganizaçom feminista no Condado

Estamos de aniversário, cumplimos nada mais e nada menos que cinco anos.
Por esse motivo este mês organizamos às III Jornadas Feministas do Condado das que informaremos em breve, polo de agora falamos da exposiçom que podedes ver no Local Social Baiuca Vermelha durante todo o mês de Junho, é de duas pintoras locais, Esperança e Cris.



























terça-feira, 3 de junho de 2008

Doze meses, doze luitas

Pola visibilidade das mulheres lésbicas. Pola despatologizaçom da transexualidade.


No mês de Junho, em concreto no dia 28, celebra-se o dia do Orgulho LGBT. Neste dia comemora-se o aniversário dos confrontos do Stonewall Inn na cidade de Nova Iorque, onde há quase 40 anos um grupo de pessoas decidírom encarar a discriminaçom e os abusos policiais. Reivindicamos hoje o espírito de Stonewall para contestarmos todas as agressons e discrimaçom que as pessoas LGBT e nomeadamente as mulheres sofremos polo simples facto de decidirmos viver a nossa sexualidade com liberdade ou transgredir o rígido e artificioso género em que nos encaixotam.
Só no ano 1990 é que a OMS (Organizaçom Mundial da Saúde) retirou da sua lista de doenças mentais a homossexualidade. Foi “ontem” que se pujo fim a mais de um século de homofobia médica, tempo que se tem caracterizado por ser o mais violento e sanguinário com as pessoas LGBT da história da humanidade (campos de concentraçom nazis, gulag soviético, perseguiçons da época McCarthy, etc). Porém, nom devemos esquecer que ainda no século XXI as pessoas LGBT som perseguidas, encarceradas, torturadas e até assassinadas em muitos países.
As mulheres lésbicas do chamado primeiro mundo sofrem, como mulheres, a invisibilidade da própria sexualidade e a ridiculizaçom da sua afectividade. Esta é mostrada na pornografia heterossexista e machista como “jogo inocente”, burlada socialmente polos machos, os quais acham poder solucionar “o problema” com os seus “pénis mágicos”. Umha absoluta ignoráncia do facto de umha mulher nom precisar de um homem nem sucedáneos para desfrutar com total plenitude da sua sexualidade. A realidade afectivo-sexual lésbica é hoje, quando no caso masculino e apesar dos graves clichés criados tem havido avanços, ainda invisível.
Por outra parte as mulheres trans, elas enfrentam o facto de se colocarem no patamar mais baixo da opressom de género. Genuínas e corajosas construtoras do seu próprio corpo, da sua própria identidade, atacam as bases da dura enteléquia do género. Em troca recebem a mais crua marginalizaçom, precarizaçom e violência, empurradas em muitos casos a recorrerem à prostituiçom como única saída laboral, com agravantes se somarmos realidades vitais como serem pessoas migrantes, seropositivas, etc. Nalguns casos chegando a ser assassinadas polo preconceito e o ódio, a transfobia:
Homenageamos aqui a memória das duas mulheres trans mortas em Portugal recentemente: Gisberta em 2007 no Porto, torturada durante vários dias e lançada para um poço, Luna neste ano em Lisboa, espancada até à morte e atirada num contentor de entulho.
Devemos lembrar que a transexualidade ainda é considerada “disforia de género” umha patologia mental segundo a OMS. No Estado espanhol, onde há pouco foi aprovada umha lei de identidade de género, as pessoas trans tenhem que passar por um processo médico ridículo e vexatório que designe se som “homens” ou “mulheres”, considerando-se a psiquiatria mais soberana que a própria pessoa para decidir sobre o próprio corpo.

Da Assembleia de Mulheres do Condado apoiamos as iniciativas desenvolvidas neste mês polos colectivos LGBT da Galiza, fazendo fincapé na necessária visibilidade das mulheres lésbicas.
Queremos fazer chegar ainda, o nosso apoio à luita contra a anacrónica patologizaçom da transexualidade, pola soberania total sobre os nossos corpos.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dia da Mulher Antimilitarista

Na tarde de 24 de Maio a AMC realizou um mural para comemorar o Dia da Mulher Antimilitarista na parede de um prédio do casco urbano de Ponte Areias com a legenda Nem guerra que nos mate, nem paz que nos oprima.

Efectivos da Guarda Civil identificárom às companheiras que realizavam o mural, coincidindo com o dia grande das festas do Corpus Christi.

















segunda-feira, 5 de maio de 2008

Doze meses, doze luitas

24 DE MAIO DIA DA MULHER ANTIMILITARISTA
NEM GUERRA QUE NOS MATE, NEM PAZ QUE NOS OPRIMA

Em todos os movimentos populares da história, as mulheres sempre tivemos umha importante participaçom. Nas numerosas luitas polas liberdades e conquistas sociais desenvolvidas em todo o mundo, em diferentes épocas, sempre estivemos na primeira coluna.

Em 1988 nascia o movimento de Mulheres de Negro, iniciado por parte das pacifistas israelitas para se oporem à ocupaçom da Palestina, e seria em 1996 quando as MdN da Galiza, como um dos seus primeiros actos, tomariam a estatua do ditador Francisco Franco em Ferrol, despregando umha faixa com a legenda “Imsubmissas”.
Coincidindo neste mês o Dia da Mulher Anti-militarista, nom queremos deixar de lembrar mais um ano os milhares de vítimas que o militarismo, braço armado do capitalismo, provoca e ocasiona em multidom de lugares do mundo.
A situaçom das mulheres é especifica, em funçom do lugar que “ocupamos” nos sistemas sociais de género: a utilizaçom dos nossos corpos, mais umha vez violadas, humilhadas e assassinadas; a militarizaçom dos nossos pensamentos em base à prioridade de algum exército ou policia militar, utilizando-os segundo as suas noçons de “defesa” e “inimigo”; e a criaçom, como expressom máxima da lógica militarista, do controlo das nossas vidas baseada no poder da opressom e na força da preponderáncia masculina. Reduzindo-se todo na súa ultima instáncia como mulher-mae e homem-guerreiro.

Da AMC queremos expressar a nossa mais sincera repulsa a:
- O imperialismo e capitalismo, representados por quem decide em que parte do mundo é conveniente a guerra e o porquê, fazendo desaparecer as nossas conquistas e retrocedendo séculos nos passos face à nossa emancipaçom.
- Os valores que defende e representa o exército: patriarcado, o militarismo, a xenofobia, homofobia ou hierarquizaçom.
- A integraçom da mulher nos exércitos regulares, alarmante hipocrisia numha organizaçom patriarcal e autoritária, com a falácia de igualdade, para assim sermos nom só objecto, senom sujeito, protagonistas da nossa própria exclussom.
- A falsa ajuda da NATO, que perpetua a actual “desordem internacional” caracterizada polo absoluto desprezo à liberdade, aos direitos humanos e à solidariedade entre os povos, actuando como mero gendarme do imperialismo e garantindo o capitalismo mais selvagem.
- O Exército espanhol, que nega o direito à independência dos povos. Devemos ser conscientes, como vítimas do imperialismo, que nom conseguiremos a nossa liberdade enquanto a Galiza for dependente, como também que nom existe nemgum povo livre se as mulheres que fazemos parte dele continuarmos oprimidas.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

V Certame Literário Feminista do Condado

1-A Assembleia de Mulheres do Condado (AMC) convoca o V Certame Literário Feminista do Condado, com o objectivo de reivindicar os direitos das mulheres e denunciar a nossa marginalizaçom e exploraçom.

2-A temática será livre sempre que esteja relacionada directa ou indirectamente com a situaçom de opressom, dominaçom e exploraçom que padecem as mulheres no actual sistema patriarcal.

3-Poderám participar todas as mulheres que o desejarem sem limites de idade.

4-Os trabalhos serám apresentados exclusivamente em língua galega.

5-O certame está aberto a qualquer género literário (romance, poesia, teatro, ensaio).

6-O júri é constituído por três mulheres representativas da comarca.

7-O prémio estará dotado com 300 euros, podendo o júri declará-lo deserto ou dividir a quantidade citada em accesits na sua totalidade ou em parte.

8-O prazo de apresentaçom de trabalhos finaliza no domingo dia 31 de Agosto de 2008.

9-Os trabalhos serám apresentados por triplicado num envelope em que se fará constar na parte exterior o título e um pseudónimo da autora e, em envelope diferente, identificado com o título do trabalho e o seu pseudónimo, serám entregues os dados pessoais da autora: nome e apelidos, Bilhete de Identidade (BI), endereço, telefone de contacto.
Os envelopes serám enviados por correio certificado ao Local Social Baiuca Vermelha Rua Redondela nº11 rés-do-chao C.P. 36860 de Ponte Areas, a nome da AMC.

10-O trabalho ou trabalhos premiados ficarám em propriedade da Assembleia de Mulheres do Condado. Embora a autora ou autoras manterám os seus direitos sobre segundas ou posteriores ediçons de ser publicado o trabalho premiado.

11-Os trabalhos nom premiados ficarám a disposiçom das autoras durante um prazo de dous meses umha vez atribuído o prémio. Após finalizar este período de tempo, serám destruídos.

12-A interpretaçom das presentes bases som atribuiçom do júri.

13-A decisom do júri é inapelável.

14-A participaçom no prémio supóm a aceitaçom das suas bases.




Assembleia de Mulheres do Condado
Ponte Areas a 21 de Abril de 2008

quarta-feira, 16 de abril de 2008

AS MULHERES ESCRITORAS NA HISTÓRIA DA LITERATURA GALEGA: OCULTAÇOM E SILENCIAMENTO

Com motivo do V Certame literário feminista do Condado publicamos um trabalho na sua totalidade, feito por Belem Grandal, membro da AMC. Este texto foi realiçado para o doze meses,doze luitas deste mês.



As mulheres escritoras na história da Galiza e da nossa literatura sofrêrom grandes atrancos para o desenvolvimento do seu labor já que, o que primava naquele momento era um sistema patriarcal com umha injusta desigualdade de género, onde a mulher era considerada como um simples complemento sob a tutela do homem. Marginalizada e afastada durante anos, e mesmo séculos, de história do mundo da cultura e do acesso à educaçom, esta situaçom impediu a sua dedicaçom ao mundo literário, nom por falta de dotes criativas, nem sensibilidade cultural, mas porque a sua capacidade para escrever polas razons aduzidas estava minguada.

Nom será pois até o século XIX quando a autora de Cantares gallegos (1863) Rosalia de Castro, considerada por algumhas escritoras como a “mae da literatura actual” e grande poeta, experimentou ela mesma a negaçom e o silenciamento a que a sociedade submetia as mulheres nessas datas. Ela mesma foi consciente do silenciamento quando lhe foi negada a capacidade intelectual pola autoria das suas obras.
Foi portanto negada e ocultada, por ser mulher e escritora, por escrever em galego, língua que nesses momentos era considerada própria da incultura, por ser firme impulsora e defensora da identidade galega, e ademais por criticar o trato dado à emigraçom galega nas terras de Castela. A partir de Rosalia começa a história da mulher na literatura galega, mas com grandes eivas que continuam a impedir o acesso integral das mulheres à escrita.

Outras companheiras literatas e contemporáneas de Rosalia fôrom Emília Pardo Baçám e Conceiçom Areal que apesar de pertencer às camadas acomodadas da sociedade dessa época, com maiores possibilidades de acesso à cultura, recebêrom críticas de muitos dos seus companheiros masculinos por saírem dos canais habituais estabelecidos para as mulheres e ocupar espaços que até entom eram património exclusivo dos homens. Nas obras de estas escritoras foi reflectida a temática feminista, defensora da emancipaçom das mulheres, reclamando o seu protagonismo em todos os campos da vida social. Fôrom também vetadas em algumhas instituiçons polo facto de pertencerem ao sexo feminino.

Tinha grande influência nesta época também a rígida moral católica que dominava a sociedade mesmo até primeiros do século XX. Desta maneira Filomena Dato Murais escreve um poema Defensa de las mujeres de tom feminista mas incluído na tradiçom católica, e Francisca Herrera Garrido autora de um ensaio A muller galega também de umha perspectiva tradicional católica e conservadora.
Com o advenimento do regime republicano entre 1931-36 é permitido o acesso da mulher à cultura e aumenta o número de escritoras. Umha delas é Mª Luz Morais Godoi com umha brilhante trajectória literária, que recriminava à mulher culta de Galiza o abandono da sua língua, pronunciando-se sobre a necessidade de ensinar o galego, e que posteriormente sofreu repressom polo seu apoio às conquistas sociais da etapa republicana.
Também Mª Barbeito Cervinho seguindo a filosofia propugnada pola Institución Libre de Enseñanza defendia a co-educaçom e a Escola única, foi umha feminista com umha importante trajectória profissional, publicando textos que abordavam a questom feminista, e assistindo a actos com este carácter, sendo “depurada” no ano 1936 com a imposiçom da ditadura franquista. Assim mesmo Pura Lourençá com os seus trabalhos de investigaçom no campo histórico interessou-se polos problemas da sociedade galega fazendo um elogio da Galiza na Asociación Femenina de Santiago em 1931. A Guerra Civil encaixota os inícios deste desenvolvimento de autoras. As que virám a partir de entom enquadram-se no chamado “tradicionalismo católico” característico do franquismo.

Será Áurea Lourenço com “Queixas” (1943) quem inaugura a produçom em galego das mulheres escritoras na pós-guerra, ainda que marcado por um profundo sentimento religioso.

Mª Marinho e Pura Vasques nesta época de pós-guerra sofrêrom o isolamento e a marginalizaçom que caracterizou nom só o seu labor narrativo, mas a sua vida como mulheres à sombra do homem, padecendo os trágicos efeitos da invisibilidade e da negaçom pola época que lhes tocou viver. Como sucedera com Rosalia de Castro chegárom a suscitar dúvidas sobre a autoria dos seus textos literários.
A trajectória vital e social da primeira destas autoras vem marcada pola sua procedência humilde daí a sua marginalidade. Som autoras influídas pola religiosidade da época que dotam as suas obras de nostalgia e intimismo.
Joana Torres reivindicará um espaço para as mulheres e para a sua voz e todo isto na procura de umha identidade galega.
Será a partir de 1975-80 quando renasce o movimento feminista com o objectivo de derrubar o poder de género masculino. Na primeira metade da década de 80 um grupo de escritoras fundam a revista Festa da palabra silenciada que pretendia dar visibilidade às mulheres galegas e ao seu trabalho nos eidos artísticos e de criaçom, e que até entom permaneciam silenciadas nos meios de comunicaçom e nas publicaçons literárias e culturais do País, assim como também difundir o pensamento feminista.

A presença de escritoras a partir dos anos 80 até hoje cresce embora nom o suficiente para atingir umha paridade com o homem, apesar dos avanços relativos na igualdade dos sexos e no acesso à cultura e à educaçom. Assim podemos mencionar algumhas escritoras contemporáneas como Marica Campo, Chus Pato, Ana Romani, Mª José Queiçám, Luísa Vilalta, Iolanda Castanho.

Muitas destas autoras vinhérom enriquecer o mundo literário pois surge um novo tratamento dos temas com umha singular visom feminina da realidade social, e temáticas novas desde a sua perspectiva de mulher, como o parto, gravidez, aborto...

Mas nom toda a literatura feminina se define por umha ideologia feminista na qual o objectivo que se procura é a libertaçom da mulher da invisibilidade e marginalizaçom social e económica que ainda padece na actualidade.

O feminismo tem conseguido alguns avanços enquanto a igualdade de sexos e sobre todo como já mencionámos no aceso à cultura e à educaçom, mas ainda resta muito por fazer, pois a mulher deve manter umhas jornadas laborais intermináveis onde ao trabalho fora da casa há que somar o trabalho doméstico e de cuidado e responsabilidade das filhas e filhos, trabalho que nom é compartilhado em pé de igualdade com o homem, o que lhe impede contar com o tempo necessário para entrar de cheio e com êxito no mundo da literatura.

Som primordiais umha série de mudanças para:
-Atingir a participaçom das mulheres em todos os campos da vida social e cultural.
-Fomentar a participaçom literária da mulher. Para isto é imprescindível valorizar o trabalho doméstico de maneira que podam dispor dos meios, recursos e tempo necessários para desenvolver a actividade literária.
-Promover a igualdade de oportunidades desenhando actividades dirigidas a este fim.
-Erradicar a publicidade sexista e discriminatória.
-Educar as filhas e filhos na igualdade.
-Dar cabimento através de canais de expressom adequados à sua originalidade criativa.

E claramente, quanto ao sistema patriarcal, independentemente dos relativos e muitas vezes formais avanços que já mencionamos, permaneça inalterável, continuará fazendo invisível e ocultando o valor real do trabalho doméstico, sustento da pirámide no actual modo de produçom capitalista que, junto com a funçom de paridora de filhas/os na reproduçom de classe trabalhadora, som alguns dos elementos essenciais e sustentadores deste sistema económico, sem os quais tremeriam os seus alicerces e impediria a concentraçom da riqueza numhas poucas maos.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Doze meses, doze luitas

AS MULHERES ESCRITORAS NA HISTÓRIA DA LITERATURA GALEGA: OCULTAÇOM E SILENCIAMENTO

As mulheres escritoras na história da Galiza e da nossa literatura sofrêrom grandes atrancos para o desenvolvimento do seu labor já que, o que primava naqueles momentos era um sistema patriarcal com umha injusta desigualdade de género, onde a mulher era considerada como um simples complemento sob a tutela do homem. Marginalizada e afastada durante anos e séculos de história, do mundo da cultura e do acesso à educaçom, esta situaçom impediu a sua dedicaçom ao mundo literário.

Será no século XIX quando um restringido grupo de escritoras pertencentes às camadas acomodadas da sociedade da época e com maiores possibilidades de acesso à cultura, como pioneiras do ideário feminista, ocupárom espaços que até entom eram património exclusivo dos homens, sendo por isto criticadas, rejeitadas e, mesmo vetadas em algumhas instituiçons polo facto de pertencerem ao sexo feminino. A rígida moral católica dominará a sociedade até princípios do S. XX.

Com o advento do regime republicano entre 1931-36 permite-se o acesso das mulheres à cultura e a educaçom polo que aumenta o número de escritoras que desenvolvem com força o ideário feminista. Muitas destas mulheres sofrêrom repressom polo seu apoio às conquistas sociais da época Republicana.
A Guerra civil e imediata pós-guerra encaixota os inícios deste desenvolvimento de autoras. As que virám a partir de entom enquadram-se no chamado “tradicionalismo católico” característico do franquismo. A invisibilidade, ocultaçom e marginalidade som moedas de cámbio para a mulher até os anos 1975-80, quando renasce o movimento feminista que pretende dar visibilidade às mulheres galegas na criaçom literária e artística, derrubar o poder de género masculino e espalhar o ideário feminista.

O número de escritoras aumenta a partir dos anos 80 até hoje, mas ainda nom é o suficiente para atingir umha paridade com o homem, apesar dos avanços relativos na igualdade de sexos e no aceso à cultura e a educaçom. A mulher ainda deve manter umhas jornadas laborais intermináveis onde ao trabalho fora da casa há que somar o trabalho doméstico e de responsabilidade das filhas e filhos, que ainda hoje nom é compartilhado em pé de igualdade com o homem, o que lhe impede contar com o tempo necessário para entrar de cheio e com êxito no mundo da literatura.

Mas nom toda a literatura feminina se define por umha ideologia feminista na qual o objectivo que se procura é a libertaçom da mulher da ocultaçom e marginalidade de género, social e económica que ainda padece na actualidade.
Ponte Areias Abril 2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

AMC prosegue com iniciativas a prol do aborto livre e gratuíto

Na manhá do sábado 8 de Março, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, activistas da Assembleia de Mulheres do Condado instalárom novamente na tradicional feira de Ponte Areias umha mesa de recolhida de assinaturas favoráveis à plena legalizaçom do aborto como um direito fundamental das mulheres.

A campanha de assinaturas a favor do aborto livre, gratuito e na rede sanitária pública, realizada ao longo do mês de Fevereiro, recolheu mais de cem autoinculpaçons, basicamente de mulheres, que fôrom apresentadas na primeira hora da manhá da terça-feira 11 de Março no registo dos julgados de Ponte Areias.

Com esta iniciativa a AMC quer manifestar que som muitas as mulheres de esta comarca do sul da Galiza que queremos decidir sobre a nossa gravidez e o nosso futuro.

quinta-feira, 6 de março de 2008

8 de Março Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

NA CASA E FORA QUEREMOS VIVER E TRABALHAR DIGNAMENTE!

Quando falamos do 8 de Março, falamos de umha data que nasceu para denunciar a exploraçom específica da qual somos objecto as mulheres no actual sistema patriarco-burguês, e para reivindicar que só a luita organizada logrará a nossa plena emancipaçom.

Na Galiza do século XXI as mulheres continuamos cobrando menos que os homens desenvolvendo idénticas tarefas. Isto nom é casual.
A discontinuidade laboral e a maior taxa de desemprego tenhem rostros femininos.

Que continuemos “sendo destinadas” aos cárregos ou sectores “feitos para nós”, que acumulam mulheres que sobrevivem com umha economia muito precária, como o textil, a rama sanitária, a puericultura, geriatria, sector serviços, etc... tampouco é casual.

A divisom sexual do trabalho é umha realidade que só benefícia aos que tenhem as contas cheias a costa de explorar à maioria. Na Galiza o exemplo paradigmático é o oligarca Amáncio Ortega, proprietário de Zara-Inditex.

À sobre-exploraçom que padecemos no mundo do trabalho remunerado há que somar-lhe que ao rematar a jornada laboral mal-assalariada temos mais um trabalho imprescindível que desenvolver, o chamado trabalho doméstico, que inclui um sinfim de actividades como a limpeza da casa, cuidado de crianças e das/os maiores ou alimentaçom da família. Trabalho tam cansado e monótono como invisível.

A AMC nom só denúncia, assinalamos como culpáveis a todos os partidos políticos do actual regime, da actual situaçom de exploraçom, opressom e dominaçom que padecemos as mulheres trabalhadoras. É curioso ver como em periodo eleitoral se atrevem a falar do caro que esta o pam, sendo eles os responsáveis de um modelo socio-económico, o capitalismo, baseado na injustiça social.

O Estado espanhol está à cola da Europa em quanto à porcentagem de PIB destinado a serviços à família.
De termos uns serviços sociais dignos, por exemplo, infantários e geriatricos públicos, evitaria-se parte da enorme cárrega que supom a dupla e as vezes tripla jornada que realizam a diário e sem dias feriados as mulheres.

Desde a Assembleia de Mulheres do Condado sabemos que a luita organizada para atingir os direitos que nos correspondem como mulheres trabalhadoras galegas é para nós o único caminho possível.


VIVA O 8 DE MARÇO!
A IGUAL TRABALHO, IGUAL SALÁRIO!
VIVA A LUITA DAS MULHERES!



Condado, 8 de Março de 2008

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

DOZE MESES DOZE LUITAS

O QUE NOM SE NOMEIA NOM EXISTE

Por umha utilizaçom nom discriminatória da linguagem

Desde o feminismo galego levamos anos luitando por erradicar da quotidianidade mais umha forma de discriminaçom sobre as mulheres. Referimo-nos ao mal uso que fazemos da linguagem. Tendo claro que através dela assumimos roles de maneira consciente e inconsciente, conformando assim estereotipos sexistas.

A utilizaçom da linguagem sexista e androcéntrica é o reflexo da realidade, da sociedade que a utiliza, que sobrevaloriza as capacidades e funçons masculinas e condena ao silêncio e à ocultaçom as femininas.

Através de umha linguagem sexista som excluidas as mulheres, dificulta-se a nossa identificaçom e associase-nos a valorizaçons negativas e pejorativas.

Ocultar um genero, ocultar mais da metade da populaçom é ao mesmo tempo ocultar a verdade.

A soluçom passa por eliminar a utilizaçom de formas incorrectas da linguagem e substituí-las por palavras ou estruturas nom discriminatórias.

Desde a Assembleia de Mulheres do Condado recomendamos:

1. Uso de genéricos reais. Exemplo: “A classe trabalhadora” e nom “os trabalhadores”. Sem esquecer que o masculino plural invisibiliza as mulheres no nosso imaginário.

2. Corrigir frases feitas, piadas, etc... que estejam relacionadas com atitudes sexistas, androcéntricas e discriminatórias. Exemplo: “Que pesado” e nom “Menudo conhaço”.

3. Emprego de formas duplas (dous generos gramaticais). Exemplo: “As maes e os paes do alunado” e nom “os paes do alunado”.

4. Utilizaçom de abstractos. Exemplo: “A vizinhança” e nom “os vizinhos”.



Ponte Areias, Fevereiro de 2008

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

PAREMOS A PERSEGUIÇOM DO ABORTO

Mais controlo à liberdade de decisom por parte das mulheres sobre o seu corpo, em definitiva sobre o direito a decidir o seu futuro, etc... é o que se agocha tras a vaga de acosso que venhem sofrendo por parte da direita mais reaccionária e conservadora tanto as mulheres que optárom por interromper umha gravidez nom desejada, como as clínicas que prestam serviço a umha demanda cada dia maior.

A culpabilidade de que se dem situaçons desta índole recai basicamente nos governantes que impedem que este tipo de intervençons sejam praticadas na sanidade pública.

A passividade do PSOE frente a esta nova perseguiçom inquisitorial constata o seu tradicional oportunismo. Só se lembra das mulheres à hora de recolher votos. Agora, com umhas eleiçons a pouco mais de um mês, Zapatero retira a máscara que o vestia a inícios da legistatura como o “partido das mulheres”... competindo com o PP à hora de ver quem é mais de direita.

Os dados estatísticos falam por sim sós e amossam umha realidade que mostra o declive da cultura católica e de um modelo familiar que começa a ser visto como obsoleto para as novas geraçons. Nom se nos escapa a responsabilidade da igreja católica com o seu discurso integrista e ultraconservador.

A máxima histórica de que se a gravidez é nossa e o aborto também tem-se que ouvir bem alto. Estamos certas de que o trabalho que desenvolvamos nos vindouros messes vai ser crucial à hora de que de umha vez por todas se saiba que queremos decidir sobre o que atinge direitamente sobre as nossas vidas como mulheres galegas e trabalhadoras.

A Assembleia de Mulheres do Condado (AMC) considera imprescindível reformar a restricta Lei do Aborto de 1985 para que todas as mulheres que o desejem podam optar pola interrupçom voluntária da gravidez na rede sanitária pública.

É necessário parar os pés à reacçom. Cumpre solidarizar-nos activamente com as clínicas abortistas e com as mulheres perseguidas.

No Condado podes assinar o manifesto de solidariedade e autoinculpaçom no Local Social Baiuca Vermelha de Ponte Areias.


Nós parimos, nós decidimos!
Avante a luita das mulheres!
Nem um passo atrás!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Parabéns

Desde a Assembleia de Mulheres do Condado queremos mostrar a nossa mais sincera solidariedade com a vizinha de Mondariz que com grande coragem logrou fugir de umha morte anunciada.
Sabemos que de nom ser pola firme decisom amossada a notícia ia ter um final muito distinto. Passaria a ser a primeira mulher assassinada em maos de um homem na Galiza de este 2008 reçem estreado.

Embora queremos manifestar a nossa denúncia pública pola falta de eficácia das leis de proteçom a mulheres vítimas de maus tratos que mais umha vez constrastadas com a realidade ficam desmascaradas, deixando bem a vista as verdadeiras intençons dos partidos políticos institucionalizados, sejam da cor que sejam, à hora de combater umha duríssima realidade que afecta em concreto à metade da populaçom que conformamos as mulheres.

Nem umha denúncia de sequestro a ponta de pistola só 20 dias antes da tentativa de assassinato puido impedir a impunidade da que gozou Roman C.G até ver frustados os seus planos homicidas pola valentia e destreza dissuassória de esta mulher.

Congratulamo-nos pois de que haja como esta mulheres-exemplo de que a melhor defesa contra o patriarcado reside em nós mesmas e que baixar a guarda acreditando nas supostas soluçons que ofertam as chamadas leis contra a violência machista nom passam de ser meros cantos de sereias.

Assembleia de Mulheres do Condado
Ponte Areias a 11 de Janerio de 2008