segunda-feira, 18 de maio de 2009

A LINGUAGEM NEUTRO-UNIVERSAL-MASCULINA NOM NOS SERVE

A discriminaçom que sofremos as mulheres fica patente em tantas formas como ámbitos diferentes há no mundo, polo qual a linguagem nom é umha excepçom. Também aqui fomos relegadas para um papel subordinado e obrigadas a utilizar umha linguagem que nos exclui. A linguagem e a fala sexistas e machistas som o reflexo e a conseqüência de umha igual sociedade.

Umha das características mais importantes da linguagem é a variabilidade. A linguagem muda segundo a necessidade de cada sociedade, classe e época. Se a linguagem de cada momento é exemplo dessa realidade, a seguinte geraçom assimilirá as novas ou velhas formas e deste ou aquele jeito farám parte da sociedade. Polo exposto, as mulheres precisamos e exigimos umha linguagem que nos inclua, que também dê a conhecer a nossa realidade: a linguagem neutro-universal-masculina nom nos serve.

Em expressons como "... quando o homem descobriu o lume...", " ...o homem inventou a roda...", "...o homem chegou à lua...", "...os vizinhos de...", "...os trabalhadores de..." , o termo "homem", assim como empregar o género masculino como genérico-neutro apresenta e educa numha realidade na qual nós “nom estamos presentes”. Este é só um dos aspectos da situaçom de discriminaçom que padecemos as mulheres que é à sua vez causa e efeito da mesma.

Mais um exemplo de umha exclusom explícita das mulheres topamo-la em casos tam noticiáveis e criticados como a utilizaçom de substantivos masculinos em feminino. Tomemos como exemplo MEMBRO. Se recorrermos à RAG numha das acepçons encontramos: "indivíduo que fai parte de um conjunto, comunidade ou corpo moral". O termo MEMBRA nom aparesce por nengum lado. Mas em textos jornalísticos sim topamos frases como “A organizaçom X, membra da...” ou “A instituiçom X membra de..”. Mas quando se trata das mulheres, tenta impor-se-nos que sejamos membros, como se tivéssemos menos direitos que as instituiçons, organizaçons, associaçons, etc... Nom há problema, ao fim nós já estamos afeitas a ser nomeadas com o masculino, nom é?

A língua vai-se desenrolando e nascem infinidade de palavras novas assim como muitas outras caem em desuso. O alarme gerado cada vez que se pretende nomear as mulheres é tam só explicável porque as raízes do patriarcado estám presentes em toda e todas as sociedades em maior ou menor grau.

No jornalismo, o género masculino é o protagonista da realidade informativa. E isto nom responde a um simples acaso, pois se figermos um repasso dos jornais da Galiza podemos afirmar que o controlo e gestom destes está em maos de homens e que existe umha clara maioria de escritores e reporteiros. No respeito aos conteúdos, continuam focados para umha dualidade sexual, homem e mulher unidos aos espaços público e privado respectivamente, baseando os critérios e normas jornalísticas nestas diferenças. Somos conscientes que na sociedade capitalista nom atingiremos umha igualdade plena, mas talvez se as mulheres participassem a 50% em todas as actividades laborais, incluindo postos de decisom e responsabilidade, evitando sempre a reproducçom e assunçom do sistema de valores masculino, conlevaria umha mudança substancial na sociedade e na imagem das próprias mulheres.

É difícil pensar ou imaginar que poda produzir-se umha renovaçom no papel que jogam os meios informativos ou na elaboraçom dos seus conteúdos se as primeiras afectadas nom nos organizarmos e luitarmos para atingir mudanças. O desenvolvimento individual é inseparável do contexto social e cultural, dos que os meios de comunicaçom fam parte deste, polo qual nom há mais remédio que tê-los em conta inclusive na planificaçom da educaçom. Se os meios som elementos que influem na vida e costumes dos indivíduos e da colectividade... Que valores transmitem quando nos ocultam?