AMC denúncia na rua terrorismo machista
Sábado 27 de Novembro tivo lugar diante da Cámara Municipal de Ponte Areias umha acçom simbólica de denúncia enquadrada no “Dia contra a violência machista”.
Quatro activistas da Assembleia de Mulheres do Condado deitarom-se no chao para pintar as suas siluetas. Seguidamente fôrom identificadas com o nome das quatro mulheres galegas assassinadas polo terrorismo machista este ano: E.D..A., Monserrat Labrada, Maria Rosa de la Hoz e Isabel Solha.
Posteriormente deu-se leitura ao manifesto com berros de “Nengumha agressom sem resposta, nengum agressor sem castigo”.
Para finalizar a companheira Belém Grandal recitou dous poemas da sua autoria intitulados “Soltar Lastro” e Furacám Marinho” que reproduzimos a seguir.
SOLTAR LASTRO
Arrastam as nuvens a espessura do dia
e no teu corpo meu alento expande
o silêncio
Abrolha clara e morna a luz do amencer
quentando o suor ainda nom esvaido
do êxtase
Mexem-se os corpos ao ritmo do pranto
da criança no berço, sem colo ao que asir
o sono perdido
e os últimos laios de prazer espalham as
húmidas fragrâncias dos teus beiços
na minha pele
O dia muda o rumo dos factos consumados
e dos desejos incumpridos sentindo ferido
teu orgulho doente
Derramam as bágoas minhas esperanças
enquanto na tua mirada assoma de novo
um ar gélido,
mas o virus do teu ego enaltecido
nom atingiu a minha dignidade de mulher
erguida e com coragem
Colivim com o muro da tua incomprensom
exigindo o espaço que me protegia
da tua arrogância
Nom som um reclamo como canto de sereia
atraindo aos navigantes para afundir o seu
destino
Som companheira na viagem da vida, nom
inimiga dos caminhantes na procura do trajecto
cara a felicidade.
Nom quero tua compaixom, mas sim a devolta
da minha plena existência, ainda hoje ferida
e danada
Já nom hei permitir minha encuberta, som visíbel,
unindo as minhas forças com o resto
da humanidade
Som eu, dando fôlegos, alumeando
um novo dia, soltando teu lastro
Som ascuas derretendo as cadeias que
me atavam ao teu universo masculino.
Eu, sem complementos, eu completa,
eu definida, eu só, eu mulher, eu pessoa,
eu a pensar, eu a decidir, eu a fazer,
eu a comprender,
eu a compartilhar, eu a…
Eu…
E tu quém es? Queres compartilhar?
FURACAM MARINHO
Barca em que navego desorientada
Sinto mareios com o seu embalar agitado
nas augas bravas
encoleriçadas, de remuinhos
pretos e abissais.
Os remos nom me pertencem
nom os dou topado para vencer
o furacam de auga que já me afoga
Abraça minha cara com força
incoerente e abatidora.
De súpeto lança-me
em todas direcçons
Surgem das profundidades
ondas gigantes coma tsunamis
Sua negrura abrumadora
produz-me terror mas também
ansias e raiva para poder
destruir sua enorme potência,
imensa e devoradora do meu ser
ferido, mas íntegro.
Aquí estou, só, e no isolamento
luito contra a besta cruel
que deseja possuir-me.
Contra este poder egoista
e aniquilador:
Nas noites de lua crescente
com envolvente circo. Parece que
muda o tempo e me disponho...
Ou as de lua cheia onde crio
feitiços para acabar com
a maldade da natureza...
Na saudade dos dias a passar
lentos, espessos e opacos.
Nas primaveras que ainda
sinto longe...
Nos invernos perpétuos
que me acompanham
a cada momento.
Nas horas polas que o tempo
nom passa e som acedas.
Na extensom do meu quarto
de salvaçom, onde fico isolada
desafogo e reuno forças.
Qual é a causa de quereres
submeter-me a inconsciência
fóbica dum furacám marinho?
Qual é o motivo desse ímpeto
desmesurado de apoderares-te
da minha vida?
Qué farás após me destruires pola
força dos teus desastres psico-naturais?
Achas que teu trunfo será exemplo
para manter em pé outros furacáns
assoladores e catastróficos?
E depois qué...O teu trunfo há ser
a desgraça dumha parte essencial
da Humanidade, e tu, já
nom serás mais que o engendro
da morte.