segunda-feira, 29 de novembro de 2010

AMC denúncia na rua terrorismo machista


Sábado 27 de Novembro tivo lugar diante da Cámara Municipal de Ponte Areias umha acçom simbólica de denúncia enquadrada no “Dia contra a violência machista”.

Quatro activistas da Assembleia de Mulheres do Condado deitarom-se no chao para pintar as suas siluetas. Seguidamente fôrom identificadas com o nome das quatro mulheres galegas assassinadas polo terrorismo machista este ano: E.D..A., Monserrat Labrada, Maria Rosa de la Hoz e Isabel Solha.

Posteriormente deu-se leitura ao manifesto com berros de “Nengumha agressom sem resposta, nengum agressor sem castigo”.

Para finalizar a companheira Belém Grandal recitou dous poemas da sua autoria intitulados “Soltar Lastro” e Furacám Marinho” que reproduzimos a seguir.





SOLTAR LASTRO

Arrastam as nuvens a espessura do dia

e no teu corpo meu alento expande

o silêncio

Abrolha clara e morna a luz do amencer

quentando o suor ainda nom esvaido

do êxtase

Mexem-se os corpos ao ritmo do pranto

da criança no berço, sem colo ao que asir

o sono perdido

e os últimos laios de prazer espalham as

húmidas fragrâncias dos teus beiços

na minha pele

O dia muda o rumo dos factos consumados

e dos desejos incumpridos sentindo ferido

teu orgulho doente

Derramam as bágoas minhas esperanças

enquanto na tua mirada assoma de novo

um ar gélido,

mas o virus do teu ego enaltecido

nom atingiu a minha dignidade de mulher

erguida e com coragem

Colivim com o muro da tua incomprensom

exigindo o espaço que me protegia

da tua arrogância

Nom som um reclamo como canto de sereia

atraindo aos navigantes para afundir o seu

destino

Som companheira na viagem da vida, nom

inimiga dos caminhantes na procura do trajecto

cara a felicidade.

Nom quero tua compaixom, mas sim a devolta

da minha plena existência, ainda hoje ferida

e danada

Já nom hei permitir minha encuberta, som visíbel,

unindo as minhas forças com o resto

da humanidade

Som eu, dando fôlegos, alumeando

um novo dia, soltando teu lastro

Som ascuas derretendo as cadeias que

me atavam ao teu universo masculino.

Eu, sem complementos, eu completa,

eu definida, eu só, eu mulher, eu pessoa,

eu a pensar, eu a decidir, eu a fazer,

eu a comprender,

eu a compartilhar, eu a…

Eu…

E tu quém es? Queres compartilhar?

FURACAM MARINHO

Barca em que navego desorientada

Sinto mareios com o seu embalar agitado

nas augas bravas

encoleriçadas, de remuinhos

pretos e abissais.

Os remos nom me pertencem

nom os dou topado para vencer

o furacam de auga que já me afoga

Abraça minha cara com força

incoerente e abatidora.

De súpeto lança-me

em todas direcçons

Surgem das profundidades

ondas gigantes coma tsunamis

Sua negrura abrumadora

produz-me terror mas também

ansias e raiva para poder

destruir sua enorme potência,

imensa e devoradora do meu ser

ferido, mas íntegro.

Aquí estou, só, e no isolamento

luito contra a besta cruel

que deseja possuir-me.

Contra este poder egoista

e aniquilador:

Nas noites de lua crescente

com envolvente circo. Parece que

muda o tempo e me disponho...

Ou as de lua cheia onde crio

feitiços para acabar com

a maldade da natureza...

Na saudade dos dias a passar

lentos, espessos e opacos.

Nas primaveras que ainda

sinto longe...

Nos invernos perpétuos

que me acompanham

a cada momento.

Nas horas polas que o tempo

nom passa e som acedas.

Na extensom do meu quarto

de salvaçom, onde fico isolada

desafogo e reuno forças.

Qual é a causa de quereres

submeter-me a inconsciência

fóbica dum furacám marinho?

Qual é o motivo desse ímpeto

desmesurado de apoderares-te

da minha vida?

Qué farás após me destruires pola

força dos teus desastres psico-naturais?

Achas que teu trunfo será exemplo

para manter em pé outros furacáns

assoladores e catastróficos?

E depois qué...O teu trunfo há ser

a desgraça dumha parte essencial

da Humanidade, e tu, já

nom serás mais que o engendro

da morte.